Jesus
contou-nos uma história, onde um filho cansado de esperar por seu
futuro, decidiu antecipar a sua herança. Pediu ao pai à parte que lhe
cabia e partiu para uma terra distante. Os judeus na época de Jesus, compreendiam a religião como uma cerca.
Estar dentro da cerca, era ‘estar protegido’, ‘agradando à Deus’. Pular a cerca, ou estar fora dela, era estar na impureza, no pecado e sujeito à ira de Deus. (Talvez seja por isso que a expressão brasileira ‘pular a cerca’ tenha sinônimo de traição).
O irmão mais novo pulou a cerca e foi-se. Para o judeu a ‘terra distante’ compreendia não só a distância física, mas também a distância dos limites da terra prometida, das Leis e da religião – literalmente era pular a cerca!
Lá, distante, ele despendeu tudo. E tempo mais tarde, decidiu voltar.
Transporte-se agora o leitor para aquela época, e pense comigo:
Para aquele pai, seu filho estava morto, literalmente. Havia talvez anos que não o via.
Quantas
famílias que perderam seus filhos em guerras, e não puderam fazer-lhe a
honra de um enterro. Ou quantos desaparecem todos os dias nas grandes
capitais do mundo.
Você pode imaginar a alegria de uma família ao rever seu ente querido depois de tantos anos desaparecido? Que festa não?!
Todos
os dias o pai se punha de pé no portão à esperar, quem sabe uma
notícia, quem sabe ele mesmo apareça! Anos mais tarde, o filho reaparece
no portão do pai. Que alegria! O filho que estava morto reviveu!
O pai não lhe cobrou nada! E nada lhe perguntou!
O
clima era de profunda alegria - até que o filho mais velho, ao ouvir o
som das danças e músicas, saiu de seu aposento curioso com o que poderia
estar acontecendo.
Ao
tomar conhecimento do ocorrido, ficou profundamente chateado. Acusou o
pai de que nunca pulara a cerca, e de que merecia uma festa destas – mas
o pai nunca lhe ofereceu!
O
grego, o idioma original em que o Novo Testamento foi escrito, usa a
palavra ‘escravo’, no lugar de ‘servir’, tradução escolhida por Almeida,
em nossas bíblias em português.
Este filho considerava-se um ‘escravo’, e não um filho.
Sendo assim, privava-se de quase tudo, por não se achar no ‘direito’, de pedir algo ao pai.
As lições que aprendemos com esta história são por demais profundas:
Todas as religiões têm ‘as suas cercas’.
Estas cercas são os limites de até onde se deve ir, segundo dizem. Faz
algum tempo, em que no Brasil, o rádio era chamado por evangélicos de ‘a caixa do diabo’. Pode parecer absurdo, nos dias de hoje, mas era muito comum naquela época.
Mais tarde veio a televisão, e esta era o ‘o diabo em pessoa’!
Quantas pessoas foram excluídas de suas igrejas, simplesmente por ouvir rádio ou ver televisão?!
Quantas guerras ocorreram em nome da religião. Quantas mortes! Quantos absurdos!
O filho mais velho se excluiu de seus direitos de herdeiro, por não se achar digno do favor do pai. Ao ver seu irmão ser recebido com amor e compaixão pelo pai, sem cobranças e acusações, sua mente religiosa não pôde entender!
O grande erro está em não se conhecer a natureza e caráter de Deus!
A
concepção de que muitos tem do Senhor Deus, é de um velhinho iracundo,
pronto a abater qualquer um que transgredir seus mandamentos. Pensamento
herdado de tradições religiosas – o que não é verdadeiro.
Certa
feita os discípulos encontraram um homem que expulsava demônios em
nome de Jesus, e o censuraram. O Senhor os repreendeu. Eles haviam
criado uma cerca, da qual qualquer um que dentro dela não estivessem, não poderiam fazer o que eles faziam. A religião é assim - cria partidarismos!
É evidente que qualquer associação tem suas regras e normas. E no governo de Deus não é diferente, lá não cabe anarquia. O problema é que por não se conhecer o caráter de Deus, cria-se regras meramente humanas, e divinizam esses preceitos como se fossem normas celestiais.
A
igreja de Jesus é o pronto-socorro espiritual das almas aflitas. Lá
chegam diariamente milhares de pessoas abusadas pelo mundo, pela
família, sufocadas pelos problemas. O que essas pessoas esperam
encontrar nas igrejas? Liberdade, paz, amizade.
Elas
chegam presas, com fardos pesadíssimos. Cargas de culpa e de ódio. Elas
esperam sair daquele ambiente aliviadas, livres e em paz.
Conheço
pessoas que foram abusadas moralmente no mundo, e também em algumas
religiões. Foram privadas no mundo de ter vida, mas também foram
tolhidas em seus direitos de filho(a), nesses lugares.
Num
dos mais belos trechos na Bíblia, que trata de um dos aspectos do
caráter de Deus, está registrado em Isaías e repetido por Jesus em
Mateus:
“Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça” (Mateus 12:20).
Os
caniços crescem à beira dos lagos. Seu valor é insignificante. Quando
esmagado por qualquer motivo, tornava-se imprestável. Não servindo nem
mesmo como combustível para as fogueiras!
O
caráter de Jesus é maravilhoso! Ele pega o caniço quebrado,
imprestável, o qual ninguém quer. Limpa, restaura e dele faz um lindo
instrumento de louvor. Afinal, era dos caniços que as flautas eram
feitas!
Uma outra nuance do caráter de Jesus, é demonstrado no que se refere ao pavio que fumega:
Quando embebido pelo óleo, o pavio produz luz. Na falta deste, produz fumaça e mau cheiro!
Meu Deus! Quantas vezes estive com o óleo do Espírito Santo em baixa! E foram nesses momentos em que ao invés de produzir luz, produzi fumaça e mau cheiro! Mas nem por isso, meu Senhor me apagou ou me deixou!
Foi paciente comigo, e me restaurou! Aleluia!
Esta é uma das facetas do caráter do Senhor Jesus!
Se porventura o amigo(a) tal qual o filho pródigo, sente-se apagado ou foi esmagado ou quebrado pelas religiões; e seu testemunho cristão não é um dos melhores, deixe o Senhor Deus fazer de você um instrumento de louvor, e uma lâmpada para a Sua Glória!
Lembre-se: As coisas que Ele lhe restringe, o faz por amor à você! E por amor, você deve acatar - para que sua lâmpada jamais falte o óleo! E sua vida deixe de ser uma cana quebrada, e se transforme em um lindo instrumento de louvor!
Seja um servo, porém livre!
"Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine. 1 Coríntios 6:12
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